Numa passagem de peões próxima da minha casa há muitos condutores insensíveis à presença de pessoas que pretendem passar para o outro lado da rua. Quase sempre tenho que esperar que passem para aí uns quinze a vinte carros até que algum condutor, mais sensível, pare e me deixe atravessar. A minha pedalada já não tem o mesmo ritmo de outrora, por isso redobrei a minha atenção nas minhas travessias.
Nas esperas, quase sempre às mesmas horas, tem-me despertado particular atenção um carro cinzento metalizado conduzido, a alta velocidade, por uma bela jovem. Nunca vi aquela santa alma facilitar a passagem a quem quer que seja, velho ou novo.
Há dias, ao contrário do habitual, não vinha nenhum carro quando me aproximei da tal passagem. Olhei para a direita, olhei para a esquerda e lá vou eu tranquilamente o mais rápido que a minha provecta idade permite. Quando ia a meio da primeira metade da travessia sou surpreendido com grande ruído provocado por brusca travagem. Olho para a esquerda e deparo com o carro cinzento metalizado a um passo de me derrubar. Sem ainda me ter recomposto, oiço a jovem, muito irritada vomitar: sacana do velho tinha que se meter à frente do carro!
Imagem copiada da internet
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